sexta-feira, 20 de setembro de 2013



Maria Callas - Uma voz que ultrapassa a todas as expectativas 

Edson Emmanuel





Filha de emigrantes gregos que fugiram à guerra, viveu a sua infância na sombra da irmã. Era nesta que a sua mãe, Litsa, depositava todas as esperanças de ascender socialmente. Jackie não tinha qualquer talento aparente, mas era uma Moça bonita, alta e de boas maneiras. E para Litsa isso era quanto bastava para caçar um homem rico.
Em casa a mãe não poupava Maria nos insultos. Para ela a filha não passava de “um monstro” que renegava desde que a tinha parido. O seu pai, “tata Geo”, era um botânico falido, amava a filha, mas não tinha força para protegê-la das humilhações da mulher e refugiava-se nas suas pequenas traições.
Foi Litsa que reconheceu em Maria a voz que lhe abriria as portas para a vida que tanto sonhava, mas no lugar de um professor de canto comprou a Maria três canários, levou-a consigo para a Grécia afastando-a de vez do seu “papá”, vendeu a sua virgindade a soldados italianos e por 10 dracmas obrigava-a a cantar ópera numa taberna infestada de marinheiros bêbados.
As lermos a sua biografia, não podemos deixar de pensar que só a custo da sua obstinação o nome Maria Callas chegou até nós. Demasiado adulta para a sua idade, rasgou com as suas mãos o caminho que a levaria aos grandes palcos de todo o mundo. 
Foi na Grécia que o sucesso de Callas se começou a desenhar. Finalmente começou a estudar canto sem a ajuda dos canários. Convencida do dinheiro que a filha podia ganhar, Litza convenceu também Maria Trivella a ensinar Maria e daí até à Arena Verona, La Scala, Metropolitan e tantos outros palcos por todo o mundo foi um passo.
Foram sinistros os caminhos que levaram Maria Callas ao sucessso, mas foi ovacionada em todo o mundo, cantou até perder a voz, sabia exactamente o que queria e como queria, da menina gorda e feia pouco restava, transformou-se a todo o custo, chegou a engolir ténias para emagrecer, vestiu-se dos melhores vestidos e das jóias mais caras, ganhou todo o dinheiro que podia ter ganho, era arrogante, destronou outras “raínhas” do canto lírico, dona do seu nariz, traçou o seu destino e cumpriu-o. Foi ascenção e queda. Sozinha.
Se quisermos acreditar nesta biografia e nas revistas do social da época, também na vida amorosa viveu o melhor e o pior. Casou com Giovanni Meneghini, mas foi com Aristotle Onassis que conheceu o amor. Com Onassis enlouqueceu de desejo, descobriu o prazer que lhe era negado na cama pelo então seu marido e depressa se entregou ao homem que amaria até morrer, apesar de todas as peripécias e traições dignas de revistas cor-de-rosa, o romance de Callas com Onassis foi uma verdadeira história de amor.
Viveu atormentada por fantasmas, Vasili o irmão que não conheceu, Omerino o filho com Onassis que morreu à nascença e cuja campa visitou na primeira Segunda-Feira de cada mês. Maria morreu sozinha no seu apartamento em Paris, foi ao encontro dos seus amores, Aristotle e Omerino.

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